Os anos 80 foram uma época de grande mudança para os quadrinhos estadounidenses. As antes bobas e até toscas histórias de Batman, Super-Homem, Homem-Aranha e outros estavam cedendo espaço para novas séries, com novas idéias e temas e tons mais pesados. As próprias DC e Marvel (especialmente a primeira) adotaram estes estilos em seus quadrinhos da década, dando origem a algumas das mais memoráveis histórias de Batman e companhia.
A Piada Mortal, história de Batman escrita em 1988 por um grupo de iniciantes da DC na época, é um marco da "nova era" dos quadrinhos.
Mas, mesmo com tantas inovações na época, o público estava cansado de super-heróis comuns. Todos clamavam por novos tipos de personagem e histórias. Até a época, animais falantes e que andavam em dois pés eram considerados uma coisa boba e infantil, reservada a desenhos da Disney e dos antigos Looney Tunes. Mas, em 1983, o ponto de vista sobre "animais falantes" de grande maioria do EUA mudou graças a uma pequena série de quadrinhos independentes, chamada Albedo Anthropomorphics (Anthropomórficos de Albedo).
Capa da mais recente edição de Albedo (2005), apresentando a personagem principal, Elma Ferna, uma guarda intergalática felina que acaba se adentrando na política corrupta e complicada de seu universo por acaso.
Com seu universo complexo, personagens cativantes, armas e veículos realistas, comentários sociopolíticos, representações fiéis da vida no exército e uso fantástico de animais antropomorfizados, Albedo cativou todos os leitores de quadrinhos dos EUA e rapidamente se tornou um fenômeno de vendas e crítica. Albedo atraiu uma legião de fãs, que mostrou que animais inteligentes, humanizados, com um nível de desenvolvimento maior do que os presentes em animações da Disney ou da Warner Bros., tinham chance nos quadrinhos e na mídia. Logo, fãs de criaturas como essas começaram a se identificar como "furries" (peludos) e o número de adotantes da identificação cresceu drasticamente na década, motivados pelo crescente número de produtos que também adotavam a classificação e/ou usava animais antropomorfizados em cenários maduros e inteligentes. Mas a furry fandom, como a comunidade mundial de furries é conhecida, realmente foi às alturas só nos anos 2000, com a ascensão da internet para todos, o que fez pessoas dos mais longíquos cantos do mundo (inclusive o Brasil) conhecerem a cultura furry.
O termo furry supostamente surgiu na San Diego Comic Con de 1983, em uma sala de discussão sobre Albedo, quando surgiu um debate sobre como as raças animais desenvolvidas da série deviam ser chamadas, já que o termo "funny animal" (animal engraçado/bobo), usado para denominar os personagens animais de desnhos da Disney e Warner Bros., definitivamente não se encaixava nos personagens complexos do universo da célebre saga em quadrinhos.
Este blog vai ser sobre exatamente isto: Cultura furry. O número de membros da fandom aqui no Brasil ainda é baixo, e, embora eles estejam recebendo um destaque cada vez maior na mídia, muitos furries e não-furries não estão ligados na cultura da fandom em si. Neste blog, eu, Zillion Taborda, aluno do Centro Educacional Casulo e furry com orgulho, pretendo mostrar para o Brasil a cultura de minha "raça" de uma maneira interessante e desenvolvida. Bem-vindos a Animália.
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