quinta-feira, 11 de julho de 2013

Caindo Do Céu–Prólogo

 

CAINDO DO CÉU

Prólogo: Meia Década

Serelepe estava observando a noite nos céus límpidos de Animália. Ao seu lado estavam seus melhores amigo, Ranulfo e Ratzy, e sua namorada oficial, Serena. Na época do "Primeiro Confronto", como a batalha contra Gadolfa ficou registrada na história da paradisíaca ilha, todos tinham 16 anos. Agora o grupo tinha 21 anos.

- Eu nem acredito. - Disse Serelepe, observando as estrelas. - Eu nem acredio que cinco anos se passaram desde o conflito...

- Realmente - Comentou Ratzy, mexendo nas conchas da areia. - Parece que era ontem que eu trabalhava para Gadolfa...

- Viver em um lugar dominado por árvores é mil vezes melhor que viver naquela maldita cidade. - Disse Serena, que estava vivendo em uma floresta pela primeira vez em sua vida.

- Aqui, voar de balão é muito mais fácil. - Disse Ranulfo, observando o ponto de pouso que ele construiu no centro da ilha. - E graças a ajuda do povo daqui, eu realizei meu sonho de ter meu próprio ponto de pouso e oficina.

- É... Viver em Animália é realmente muito legal...- Disse Serelepe, rolando na areia para olhar nos olhos de seus próximos. - Mas vocês se lembram do que existia logo ao lado de Megatrópolis?

O barulho das ondas foi o único som ouvido por alguns minutos depois da pergunta de Serelepe. Cinco longos minutos depois, Ranulfo decidiu se pronunciar.

- Eu me lembro. - Comentou o sapo, ficando pé em suas duas pernas de pau. Ele perdeu sua última perna natural durante a construção do ponto de pouso. - Ao lado de Megatrópolis, havia a Floresta.

- Sim, a floresta... - Disse Serelepe, lentamente se levantando. Ratzy e Serena também o acompanharam. - O lugar onde eu nasci... Minha verdadeira casa... Destruída por Gadolfa...

- Realmente, deve ter sido uma perda muito triste. - Disse Serena, abraçando seu namorado.

- Pra falar a verdade, não foi uma perda tão grande.

- Porquê você diz isso, Serelepe? - perguntou Ratzy, curioso.

- Pensem bem. O que árvores soltam?

- Sementes?

- Exatamente! E o que sementes se tornam?

- Novas árvores?

- Sim! Nessa meia década desde nossa fuga da região de Megatrópolis, a floresta pode estar...

- De volta a vida? Mas os tratores de Gadolfa arruinaram o solo!

- É mesmo. Eles devem ter esmagado todas as sementes!

- Mas algumas podem ter sobrevivido.

- Muito improvável. Você se lembra do tamanho daquelas coisas?

- Sim, mas sementes são extremamente resistentes!

- Desista, Serelepe. Não há mais vida lá.

- Sem falar que o Mestre Bisão não permitiria uma viagem tão arriscada...

- Ah, é? Então eu vou falar com o Mestre! Sozinho!

Serelepe correu e se embrenhou na mata, chorando. Mesmo sabendo que o velho Bisão não deixaria Serelepe sair da ilha, Ranulfo, Serena e Ratzy resolveram segui-lo. Ao chegarem no trono do velho, se esconderam atrás de um tronco caído, observando a fervorosa discussão.

- Por favor, Senhor Bisão! - Implorava Serelepe. - Deixe-me voltar para minha terra natal! Deixe-me rezar por minha mãe onde ela morreu! Se a floresta já estiver recuperada, nós poderíamos torná-la uma segunda Animália!

- Guilherme, vulgo Serelepe - Disse o mestre, com sua típica voz ao mesmo tempo rígida e suave. - Embora seus fins sejam os mais nobres possíveis, eu não posso permitir que nenhum de nós se arrisquem, especialmente alguém tão importante na história da ilha como você.

- Realmente, os mares entre aqui e lá são extremamente tempestuosos. - Comentou Ranulfo, saindo de trás do tronco. Serena e Ratzy o acompanharam. - Se lembra de nossa primeira viagem da balão para cá?

- É, sem falar que Megatrópolis é desértica agora. - Falou Ratzy. - Todos os animais lá participaram do Êxodo Marinho, pelo o que eu me lembre!

- Além do mais - Disse Serena, apresentando uma atitude de ordem. - Você pode muito bem rezar para a dona Calda de Açúcar aqui mesmo em Animália. Aposto que ela prefere que você fique aqui, onde quer que ela esteja.

Agora, Serelepe estava chorando ainda mais. Quatro argumentos contra um realmente não deve fazer bem para a mente de um animal.

- Então é isso? - Perguntou Serelepe, gritando. - Vocês todos não querem voltar para seus berços por causa de falta de esperança? Pois saibam que eu acredito que o mar irá me ajudar! E também que ainda há animais de bom coração lá, que não conhecem Animália! E Serena... Minha mãe está no CÉU, e sempre estará! Boa noite para todos, e passar bem! Hmph!

Serelepe saiu enfezado da sala de reuniões, chutando e empurrando as plantas no caminho para sua cama. Ele planejava sair sozinho da ilha, mas sabia que todos estavam o observando e impediriam sua fuga de alguma maneira. Decidiu adiar sua escapada para a manhã do próximo dia.

Após uma noite de noite de sono muito perturbada devido ao medo de que o povo de Animália o prenda na ilha, Serelepe acorda e olha por seu redor. Ranulfo, Ratzy e Serena estavam dormindo profundamente a seu redor, e não havia sinal de outros animais. No céu, o sol estava timidamente mostrando seus primeiros raios, com a lua ainda à tona. Serelepe decidiu que agora era a hora perfeita de escapar. Subiu em árvores à procura de comida, fez um cantil com um coco caído, pegou um velho bote do ponto de pouso de Ranulfo e partiu. No caminho para a praia enquanto carregava tudo aquilo, Serelepe sem querer tropeçou em Serena, que acordou tarde demais e via seu querido partir no oceano.

- Serelepe! - Disse ela, extendendo eua mão e correndo. Todos os animais de Animália agora a seguiam.

- Não vá! É perigoso demais! - Gritou Ranulfo, tentando correr com suas pernas de pau.

- Serelepe! Por favor me desculpe por brigar com você ontem! Não vá!...

- É tarde demais, pessoal... O mar já está me levando... E como eu já disse, eu preciso ir...

Após suas palavras, Serelepe sumiu na neblina. Aquela manhã estava muito nublada, algo estranho para os céus sempre límpidos de Animália. Era como se os céus também pedissem para Serelepe não ir...

Serelepe estava certo naquela noite: O mar estava calmo como um espelho d'água e o vento estava com a força e velocidade ideais, mesmo com a estranha neblina sobre Animália e o céu acizentado. Ele embarcou com apenas comida, água, um mapa, um remo e roupa com que estava, inclusive o agora velho boné vermelho que ganhou de Ratzy.

Sete dias e sete noites depois de ter começado sua viagem, Serelepe percebeu que a paisagem estava mudando. O céu continuava cinza, mas um cinza diferente. Um cinza pesado e difícil de se respirar, com partes mais escuras no meio. A água continuava calma, mas ela começou a feder feito Cheira Mal, a velha favela de Megatrópolis. Serelepe, torcendo o nariz, continuou sua viagem. Mais adiante, a água exalava um odor ainda mais horrendo, e assumiu uma cor nojenta - uma mistura de verde, preto e marrom. O céu escureceu mais.

- Estou chegando em Megatrópolis - pensou Serelepe. - Se eu segui as direções do mapa corretamente, eu desembarcarei na floresta... Mas ela nunca foi muito poluída! O que será que aconteceu depois do Êxodo?

A reflexão de Serelepe foi interrompida pela situação do ambiente a seu redor. A água agora tinha lixo e uma grossa camada de espuma de aparência asquerosa boiando em sua superfície. O céu estava preto e o ar, sufocante. Serelepe, com muito esforço, continou sua viagem, com esperanças de que, ao chegar à nova Floresta, tudo melhoraria.

Mas ele se chocou ao ver o que estava agora no lugar de sua terra natal.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Esta história é uma continuação feita por mim de Lá No Alto Das Nuvens, um fantástico livro infantil escrito por Paul McCartney e que eu tenho desde minha infância. Se você gosta de histórias infantis amáveis e cativantes, procure o livro original e compre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário