sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Caindo Do Céu, Capítulo I – Paraíso Perdido

- U-um lixão? Mas não pode ser!... - disse Serelepe, atônito ao ver as enormes pilhas de lixo à sua frente. Elas exalavam um fedor tóxico para o pulmão do pobre esquilo, que mesmo assim cobriu seu focinho com a camiseta e desembarcou em uma pilha de lixo gosmento que lembrava um porto, próximo a um enorme cano de esgoto.
- Não pode ser... Não pode ser... - murmurava Serelepe, tentando pisar em menos lixo o possível (já que não pisar em lixo era impossível). - Mas como... Quem... Nehum animal seria capaz de fazer isso... Nem Gadolfa poluía tanto assim! O que será que aconteceu aqui?...
Serelepe imediatamente parou e largou a camiseta quando ele chegou ao centro do lixão.
- Peraí... - Disse Serelepe, observando a paisagem poluída ao seu redor. - Eu reconheço este lugar.
Entre as pilhas de lixo e as poças de chorume, cresciam algumas plantas rasteiras, e o sol parecia brilhar ali. Atrás da maior torre de lixo do lugar, corria um rio. Serelepe imediatamente correu para a água corrente preta e malcheirosa, chorando.
- Não! Tudo menos isso! - Gritava Serelepe, aos prantos. Aquele rio, agora completamente imundo, foi onde ele deixou o cadáver de sua velha mãe, Calda De Açúcar, ser carregado pela correnteza. - Quem pode ter sido tão insensível para fazer isso com este rio? Justamente este rio?!
Serelepe se esforçava para rezar pela memória de sua mãe, mas o mau cheiro o impedia de fazer qualquer coisa que exigisse respiração - ou seja, tudo. Quase desmaiando, Serelepe ouviu uma voz vindo de trás da pilha de lixo onde estava deitado.
- Vamos, James! Apressa-te! - dizia a voz, jovem e formal. - As fábricas estão em atividade total, e eu tenho uma reunião de negócios marcada às três e meia!
Serelepe olhou na direção da voz. Ela vinha de um jovem de jeito elegante, pelo alvo com listras pretas e cauda frondosa, usando um terno formal. Serelepe não sabia que animal era aquele nem como ele mantinha a calma e a respiração diante de tanto lixo, mas já sentia um desprezo por ele, misturado com um bocado de curiosidade.
- Todo o lixo já foi alocado, senhor. - Disse um rato cinza idoso ao lado do curioso animal de terno. - Suponho que podemos partir, então?
- Ah, sim. Excelente trabalho como sempre, James. Vejamos agora... - Disse o animal branco, procurando por algo no bolso de seu terno. - Aqui está. Agora, eu só preciso de um fósforo, e então...
Serelepe não conseguiu ver direito o que seu novo interesse fez, mas viu que ele partiu em rumo ao horizonte em um carro luxuoso.
Quando voltou sua atenção para o rio poluído, Serelepe percebeu que já se acostumou ao ar pútrido do lixão, e conseguiu rezar por sua mãe. Quando terminou, respirou fundo... e percebeu que seu rabo estava em chamas!
- Opa! Ô! Ô! - exclamava Serelepe, enquanto se rebatia e abanava a si mesmo - Caraca! Como isso pode ter...
Antes de Serelepe terminar de falar, ele olhou ao seu redor e percebeu que todo o lixão estava em chamas! O esquilo começou a correr desesperadamente em direção ao portão de saída do inferno malcheiroso, mas parou bruscamente no meio do caminho. O bote! O bote ainda estava atracado no lixão! Serelepe, com a esperença de que seu único meio de voltar para Animália estava são e salvo, voltou pelo caminho de onde veio apenas para ver as brasas de seu barco serem soterradas na água suja por uma pilha de lixo que caiu por perto. Agora Serelepe estava realmente desesperado, e fugia do lixão tomado pelo fogo o mais rápido o possível, ao mesmo tempo apagando o fogo que brotava em seu pelo cinza. O esquilo conseguiu escapar do lixão no último segundo possível, logo antes da torre de lixo mais alta do lugar desabar em chamas.
Quase sem ar, o esquilo se jogou no chão à frente do portão do depósito de lixo, tentando relaxar. No grande arco acima do portão, estavam moldadas no metal as palavras "LIXÃO FAETORIA" e uma forma idêntica a da cauda do animal que ele encontrou no lugar.
- Aquele jovem... - Murmurou Serelepe, sem fôlego. - Eu sinto que aquele animal tem algo a ver com tudo isso que aconteceu com a Floresta... Eu preciso encontrar ele. Porque será que ele fez isso?
 
Esta postagem é o primeiro capítulo após o prólogo de minha fan-sequel para Lá No Alto Das Nuvens, um livro infantil de Paul McCartney.
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